05 janeiro 2006

Homens que se transformam em crianças

Até podia ser um post poético, tendo em conta o título. Mas não é. Nada mesmo. Estávamos num jantar com não sei quantas pessoas. Sei que ocupávamos duas mesas. Eu, pelos vistos, fiquei na mesa das crianças. A conversa era às tantas sobre capoeira, desporto praticado pela maioria dos "bébés" daquela mesa. De repente, o "bébé-mor" tem uma birra. Porque o karaté é que era bom, e que aos 16 anos foi campeão nacional, e que partia um cabo de vassoura em não sei quantos bocados e que capoeira não era tão violento...bem! Os outros, claro, passaram-se! Houve então revolta na creche e era só ver chupetas e biberões a voarem de trincheira para trincheira. Só faltavam aquelas frases que se diziam na primária: "E o meu pai é médico e vem cá e dá-te uma pica!", ou "E o meu pai é polícia e vem cá e prende-te!". Estas frases para mim nunca foram motivo de orgulho. Porque nunca as pude dizer. Com um pai que trabalhava numa pastelaria e uma mãe secretária o melhor que podia dizer era "E o meu pai vem cá e esfrega-te um pastel de nata nas trombas!" ou "E a minha mãe vem cá e espeta-te com uma Bic na vista!". Porque é que demora anos perdidos até uma criança se transformar num homem e bastam apenas uns segundos para que um homem se transforme numa criança?

Sem comentários: